Lar Últimas notícias EKKO GROUP: uma nova ENCOL que ninguém quer ver?
Últimas notícias

EKKO GROUP: uma nova ENCOL que ninguém quer ver?

Divulgação EKKO

Com promessa de sofisticação, discursos em inglês e estética de alto padrão, incorporadora levantou milhões em vendas antecipadas, abandonou obras, deixou consumidores em situação desesperadora e continua atuando no mercado. Documento da Justiça revela saldo de R$ 86 mil em empresa que declarava mais de R$ 125 milhões em capital. Um alerta nacional: onde está o dinheiro?

A farsa do “urban living”: promessas em inglês, prejuízos em reais

Com nomes chamativos, campanhas publicitárias arrojadas e linguagem repleta de anglicismos como “design urbano” e “lifestyle experience”, a Ekko Group se vendeu como uma empresa de vanguarda no mercado imobiliário. Seus empreendimentos prometiam luxo, modernidade e valorização imbatível. Mas por trás da fachada sofisticada, escondia-se um modus operandi que hoje mobiliza consumidores, investidores e tribunais.

A imagem vendida à sociedade contrastava com a realidade de obras paradas, contratos descumpridos, prejuízos bilionários e uma estrutura empresarial fragmentada, opaca e, como revelado em processo judicial, dramaticamente descapitalizada.

O processo que derrubou a fachada

A verdade veio à tona no processo 1010177-35.2023.8.26.0152, que tramita na Comarca de São Paulo. Trata-se de uma ação de execução contra a Ekko Group e seu CEO, Diego Dias da Silva. Nela, buscou-se bloquear ativos da empresa e de seu líder. O resultado foi revelador:

  • A Ekko, que declarava R$ 125.688.130,46 à JUCESP, tinha apenas R$ 86.000,00 em conta.
  • Diego Dias da Silva, CEO, apresentava saldo de apenas R$ 71.000,00.

Esses dados, obtidos por meio das ferramentas judiciais de penhora, demonstram um abismo entre o que a empresa vendia publicamente e o que realmente dispunha para cumprir seus compromissos.

O esquema: venda, captação e abandono

O modelo de atuação do grupo segue padrões que hoje estão sob suspeita:

  • Constituição de Sociedades de Propósito Específico (SPEs);
  • Loteamento de unidades com promessas de entrega em prazos curtos;
  • Recebimento à vista de valores altos de consumidores;
  • Captação de recursos por meio de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs);
  • Início superficial de obras;
  • Paralisação gradual;
  • Migração para novo projeto.

Milhões captados, consumidores à deriva

Diversos consumidores relataram que venderam seus imóveis antigos ou utilizaram todas as suas economias para comprar unidades em empreendimentos da Ekko Group. Hoje, vivem de aluguel, sem qualquer previsão de entrega.

Outros tantos enfrentam processos longos e desgastantes na justiça para reaver os valores investidos. É comum o relato de clientes que foram surpreendidos com canteiros de obras abandonados, materiais deteriorando-se no local e falta total de comunicação por parte da empresa.

A situação se agrava ao constatarmos que a empresa já é parte em mais de 1.000 processos judiciais ativos, segundo consulta pública. Trata-se de um passivo judicial que compromete não apenas sua imagem, mas também a sustentabilidade do seu modelo de atuação.

O caso do “Bairro Golf” e a atuação do Ministério Público

A Ekko Group também é ré em duas ações de grande repercussão ambiental e urbanística:

  • ACP nº 1031679-70.2022.8.26.0053: ajuizada pelo Ministério Público de São Paulo para anular atos administrativos que permitiam obras em área verde protegida entre São Paulo e Osasco;
  • Ação Popular nº 1035862-84.2022.8.26.0053: movida por cidadãos contra a supressão de vegetação nativa para construção de quatro prédios e um shopping, já comercializados sem a devida licença ambiental.

Apesar da concessão de liminar para suspender as obras, as vendas continuaram. Os consumidores, mais uma vez, ficaram com a promessa.

Uma rede societária difusa e impenetrável

O grupo Ekko é formado por dezenas de empresas com controle cruzado. Diego Dias da Silva figura ora como sócio, ora como administrador. A estrutura societária é volátil e sofisticada, o que dificulta a responsabilização direta e o rastreamento de ativos.

Essa complexidade facilita a manutenção da imagem institucional enquanto o passivo com consumidores e fornecedores se acumula silenciosamente.

A próxima vítima: Alphaville

Apesar de todo o histórico, o grupo segue anunciando novos projetos, agora em Alphaville, um dos endereços mais valorizados da Grande São Paulo. Com campanhas de pré-venda já em curso, promete-se mais uma vez uma experiência urbana sofisticada. Mas os dados apontam para um ciclo de repetição: captação, abandono, nova captação.

Conclusão: não é um escândalo privado, é um alerta público

O caso da Ekko Group é exemplo de um modelo empresarial que pode estar operando à margem da legalidade. A quantidade de consumidores prejudicados, o número de processos judiciais, os indícios de evasão patrimonial e a reincidência de práticas em diferentes empreendimentos demandam a atuação urgente:

  • Do Ministério Público;
  • Da CVM e do mercado financeiro;
  • Do Judiciário;
  • Da imprensa investigativa.

Não se trata apenas de proteger consumidores. Trata-se de proteger a integridade do próprio mercado imobiliário brasileiro e garantir que a repetição de casos como a tragédia da Encol permaneça no passado.

Artigos relacionados

Circo dos Dinossauros chega a Campinas com espetáculo para encantar todas as idades

Apresentações acontecem no estacionamento do Carrefour Valinhos O Circo dos Dinossauros chega...

Piracicaba recebe troféus do Prêmio Destaque Pontual no Prêmio Pirarazzi de Cultura

Jornalista Dennis Moraes homenageia personalidades culturais em evento icônico no Engenho Central...